Rua - dia 01



Eu sempre soube que o Thiago, o primeiro garoto de programa que eu conheci na vida, trabalhava exposto na rua e atendia até na cabine de caminhões. Inicialmente quando decidi trabalhar com sexo, fui primeiro à sauna e depois passei a atender em sites em alguns moteis. A ideia de atender na rua parecia muito marginalizada e ouvia-se dizer que os garotos que se submetiam a isso eram desvalorizados. Mas sempre me bateu aquela curiosidade.

Meu amigo Fernando, GP há mais de 10 anos, me deu todas as coordenas e dicas possíveis ao longo de nossas conversas, que antecederam em muitos meses o dia do fato. Era final de dezembro de 2018 para 2019, eu estava sozinho em casa e a noite começou a pintar o céu de escuridão. Tomei um bom banho, com direito a uma boa higiene anal; naquela noite eu precisava estar o mais preparado possível. Passei meu perfume novo, presente do meu namorado dourado, aquele Lord que citei anteriormente aqui e coloquei uma cueca Tommy Hilfiger, para surpreender. Enrolei um baseado bem apertado e guardei-o dentro do maço de cigarros. Coloquei meus óculos escuros, uma camiseta da Vans e um shorts, sem cueca. Aquele era o Marcos Campineiro hoje.

Tomei coragem, fumei um cigarro, me perfumei novamente e peguei o elevador, sentindo aquele habitual frio na barriga das situações não habituais. Andei pela Glicério, pra mim a avenida mais bonita de Campinas, vendo-a iluminada pelos postes com fios subterrâneos, vazia como eu me sentia, serena como a solidão que habitava em mim.

Chegando na rua, sob as luzes âmbar da iluminação publica e o calor extremo do verão, conheci rapidamente o Alemão. Era ele quem iria receber 10 reais por noite que eu ficasse lá e segundo ele, "se alguém mexesse comigo, era só dar um salve". Eu já sabia pelas conversas com o Fernando que a rua tinha uma dona (se é que isso é possível) e que um boy intercedia por ela. Então paguei logo e assim seria nos dias que se seguiriam depois de lá se eu resolvesse voltar.

Escolhi um lugar onde vez ou outra eu pudesse me sentar. Por segurança, compartilhei minha localização com um amigo e por insegurança coloquei música no celular para me distrair. Cerca de 7 carros passaram num período de 30 minutos, o que me pareceu bem pouco. Mas o meu primeiro cliente me abordou estando a pé. Ele não era nada feio e por estar apé, achei até que pudesse ser um garoto. Começamos uma conversa meio atrapalhada mas logo entendi que o namorado havia terminado com ele e que ele precisava conversar. Na mesma rua há um hotel muito simples chamado Pinheiros, então caminhamos até lá e por conta da timidez dele, entrei primeiro para me informar sobre o quarto, locado por R$30 por 1h. Eu já conhecia o local, havia atendido ali um comerciante branquinho muito cheiroso, passivinho de tudo.

Entramos no quarto número 07 e eu logo tirei meus sapatos New Balance e fiquei só de cueca. Mas ao que me parecia, o meu parceiro realmente só queria mesmo conversar e falar sobre o ex. Por um momento pensei que ele poderia ter ma achado inexperiente na rua e estivesse imaginando sair dessa sem pagar, por não ter transado. Mas ouvi calmamente, perguntando sobre pontos que ficavam em maior evidência. Atendi dessa forma pro 40 minutos, até que o Carlos se sentiu melhor e me pediu para deixa-lo mamar. Tirei a cueca e deixei que ele caísse de boca como ele queria cair. Na calça senti seu pau ficar duro como pedra e acariciei na medida em que ele me permitiu. Senti o Carlos atolando meu pau até as amígdalas e então percebi que ele começou a chorar, sem parar de mamar. A verdade é que eu não sei se ele chorava porque estava indo muito fundo ou se chorava por conta do ex. Mas como ele não sentiu vontade de parar e cada vez abocanhou mais o meu pau, deixei terminar de chupar.

Como a conversa havia se estendido, não tínhamos mais tanto tempo no quarto, pois a pensão cobraria 20 reais a mais por mais 1h. Então colocamos novamente nossas roupas e saímos pela portaria. Carlos me abraçou forte e agradeceu pelo programa, mas apesar disso não me deixou dar um beijo na sua boca de chupar rola. Me senti grato também ao universo por ter me dado um primeiro programa tão interessante. Trocamos os Whatsapp's e continuamos a conversa enquanto eu ainda estava na rua e ele à caminho de casa.

Sempre gostei de manter um contato mais íntimo com os meus clientes, isso nos aproxima, torna o sexo mais gostoso, traz mais confiança. Isso também em ajuda a ver algo bonito em cada um deles, nem que seja a fragilidade. Talvez seja esse detalhe que me faça diferente dos meninos que tenho conhecido.

Por volta das 2h da manhã voltei para casa. Andei novamente pela Glicério, achando-a linda com a sua vasta solidão. Sob algumas coberturas vi alguns amontoados de corpos que pareciam mais amontados de coisas. Chegando aqui tirei novamente a minha roupa, tomei um banho e me deitei na cama, onde um dia eu também já senti prazer. Minha memória é muito olfativa, então ao fechar os olhos, senti seu cheiro e me afundei nele como quem se afoga no mar. Tentei dormir, mas sempre que meus olhos se fechavam pesa exaustão, sua circunferência sob a sombra da noite aparecia ao meu lado.


Depois de muito custo, peguei no sono, mas acordei com a luz batendo na janela que eu havia me esquecido de fechar. Levantei, fiz uma limpeza na casa e preparei para viver. Pela manhã ao pegar um ônibus consumi a cidade pela janela, admirando toda a sua beleza e a sua miséria, com outros olhos. Depois daquele dia, eu nunca mais seria o mesmo. Nos meus fones de ouvido a voz de James Bay em Wasted On Each Other devam vida àquela nova travessia.

"Hold onto something, I can feel the floor leaving
We're done with coming up and way past coming down
My body shakes, a part of missing you
I know you miss me too, I know you do

Is it a sane desire?
Is it insane to try?
We let this runaway train catch fire (I don't care)
I don't care, all I want is you"


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