ROMPER - O FIM É O COMEÇO


Campinas, 16 de Janeiro de 2018

Estávamos na região praiana de SP como sempre fazíamos durante as férias. Naquele janeiro de 2018 eu estava completando 21 anos e há muito sabia onde eu gostaria de estar. Mas, apesar de todos os pesares, numa vã tentativa frustrada de recuperar o bom relacionamento que tínhamos optei por estar com os pés na areia, movido pela esperança mágica de limpeza que somente o mar e o sal poderia nos trazer.

Fizemos as malas, apanhei um travesseiro de penas de ganço pois desde que acostumei com o mesmo sinto dores no pescoço se durmo com qualquer outro, colocamos a gata dentro da caixa de transporte e entramos no carro rumo a Itanhaém, interior de SP. Sinto eu que nós dois já sabíamos como num acordo velado que nem mesmo eu e nem mesmo você queríamos estar juntos naquele momento.

Havíamos planejado uma estadia de 7 dias, mas nem mesmo as belas trilhas, montanhas, rochas e água salgada puderam desfazer o nó que agora existia entre nós dois. No quarto dia da nossa viagem, fomos até o centro e optamos por comer pizza. Ele há tempos havia esquecido toda e qualquer forma de cavalheirismo e mesmo tendo um salário 10 vezes superior ao meu, dividíamos por opção dele (hoje compreendo que sádica) as contas nos restaurantes. Eu havia acabado de romper um contrato com uma cantina italiana denominada La Piazza e havia levado junto de mim o pouco dinheiro que havia me restado à convite e insistência dele, mas mesmo assim ele aceitou meus últimos centavos guardados cuidadosamente dentro do plastico do meu RG ao pagar a conta.

Num mesmo segundo, minha garganta se fechou, eu me sentia sufocado. Meus olhos ficaram trêmulos e arenosos, eu não conseguia parar de piscar. Minha derme queimava flamejante e eu me sentia decepcionado, humilhado e frustrado comigo mesmo. Parecia um tiro a queima roupa. Não era apenas o dinheiro, era a impotência que ele gostava de me causar. O seu prazer era me ter na palma da mão dependendo de ti para tudo e qualquer coisa. Saímos da pizzaria num silêncio absoluto; ele sempre tranquilo, sereno como o diabo e eu explodindo dentro de mim. Quando chegamos ao hotel bebemos juntos o que seria a nossa última cerveja e então eu falei... "Preciso ir em busca dos meus velhos sonhos. Quero ser independente e não quero nunca mais precisar aceitar humilhação de namorado algum. A partir de hoje, meu valor é por hora."

Naquela noite, dormimos em quartos separados. Eu estava sem sono e havia visto no caminho de volta uma festa na praça da igreja, bem coisinha de interior. Então coloquei um shorts, um chinelo no pé e silenciosamente desci as escadas, saindo pelo portão lateral da pousada rumo às luzes da cidade. Tudo parecia mórbido, talvez por que eu estivesse meio-vivo até então. Comprei no bar da esquina 4 garrafas de cerveja com os últimos 20 reais que eu havia conseguido guardar e um maço de cigarros - mantinha sempre junto de mim um isqueiro. Acendi o primeiro e com ajuda do pano da camiseta girei a tampa da long neck até abri-la.

Segui até a praia e andando na areia me dei conta de que os caranguejos aparecem muito mais de noite, pois comicamente quase pisei em um deles que de lado correu atrás de mim. Já estava na quarta garrafa, sem efeito algum do álcool sentir quando alguém de bicicleta apareceu: "Me empresta o isqueiro?". Suspeitei que ele já tivesse um mas mesmo assim emprestei o meu e começamos a conversar. Sua pele era morena como a minha com um forte tom bronzeado de quem ao menos caminha na praia e se diferenciava pelos anos de tal caminhada, já que aparentava ter em média de 45 anos. "Quer fazer uma coisa diferente? Você já chupou pau de macho?" questionei. Surpreso, riu e disse que já havia sim ficado com um homem uma vez. Em poucos minutos eu havia recuperado a minha liberdade sexual e que sensação era aquela!

Nos direcionamos para às sombras de um quiosque fechado nas escostas, coloquei-o de joelhos na areia e com os polegares e os indicadores, eu abria medicinalmente os labios carnudos do rapaz da bike e socava meu pau na sua garganta como se fosse um cuzinho rosáceo. Ele afogava facilmente, então não pude meter muito fundo ou tantas vezes, mas caros, como já disse, a liberdade é um tesão, senão o maior de todos. 

Me pediu para que eu o chupasse também. Já estava eu manuseando o seu menino e naquele momento eu estava numa foda de libertação. Neguei e aceitando o que lhe foi oferecido tornou a mamar deixando por final meu gozo misturado à sua baba lhe escorrer pela boca e atingir o queixo e sob a luz da lua pingar nos grãos aglomerando-os. Agradeci pelo boquete e retornei caminhando rápido pela orla, na euforia de ter feito uma pequena loucura.

Tentamos ainda sobreviver na praia por mais um dia, mas no raiar do quinto dos sete que planejamos, nos rendemos e fomos embora. Já em Campinas no nosso (SEU) apartamento arrumamos o que era meu em sacos e malas e em poucas horas a casa já estava meio morta, revelando então os pedaços de um namoro vencido pela crença de que nunca é tarde demais para ser gentil numa outra hora. Em você a devastidão de um furacão, em mim a dor de devastar e a esperança de começar algo novo.
Retornei para a casa da minha mãe que comigo esteve o tempo todo, sempre me apoiando. Encontrar meu cachorro foi a melhor coisa do mundo. Chorei muito, por ver o homem que um dia eu tanto cuidei sofrer, mas também de felicidade por criar um novo ciclo para nós dois, sempre ciente que aprendemos muito um com o outro e aprenderemos com a distancia.

Então, revi minhas estantes cheias de livros e antigos sonhos. Senti o meu corpo esmorecer ao passar os dedos sobre minhas antigas coisas. Tomei um comprimido de Amitriptilina que eu havia conseguido por automedicação e morri por 12 horas. Acordei no dia seguinte com a fome de um leão. O que eu sentia é que eu já havia sofrido tanto no último ano e aceitado o fim do nosso amor previamente que agora só me restava a sensação de ser livre.

Então resolvi colocar em prática o que eu havia há tanto planejado. Olhei no antigo espelho do meu intacto banheiro e vi um menino normal, de cabelo desordenado e bigode começando a aparentar. Eu já vinha há meses pesquisando sobre a Sauna Germânia, também em contato com um amigo que é GP há 10 anos, o Fernando que inclusive atuou para a produtora do Demétrio.


Então decidi não pensar muito, já que as inseguranças que me rodeiam já haviam me feito desistir inúmeras vezes antes...


LEIA A CONTINUAÇÃO EM: http://garotocampineiro.blogspot.com/2018/06/sauna-germania-221-decidi-nao-pensar.html

Comentários

  1. Olá, moreno meu, como estais? De fato, muito belo e instigante o teu texto. Me faz indagar, à fim de obter, de ti, uma resposta não tardia: acaso dá-me a honra de enamorar-se de teu único Lord ? ❤. Evidentemente, tratando-se do nosso enlace, será o mesmo ancorado na essência da nobre expressão latina, a saber e qual seja, "libertas in unum". O que me diz? Não, sim ou um cálido e titubeante talvez? Beijos em é para você todinho ... Grato, doirado cavalheiro, dos olhos amendoados da cor do mel ...

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    Respostas
    1. Meu caro Lord Dourado, vou bem, grato pelas belíssimas palavras dirigidas a mim. Fico contente que tenha gostado, mais uma vez, desse emaranhado de palavras que formam a minha expressão. Quanto a resposta ao teu pedido, já sabes que estamos enamorados um pelo outro desde o primeiro momento. Grato por tê-lo aqui e ainda mais por poder me despedir dizendo que tenho esses olhos de saputis...

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